Prédios-caixão: o passado e o presente de um modelo de construção perigoso em Pernambuco

Há 20 anos, os chamados “prédios-caixão” foram proibidos em Pernambuco, mas seus efeitos ainda assombram o estado. Essas construções, que desrespeitavam normas básicas de engenharia, chegaram a abrigar 11% da população do Grande Recife e foram responsáveis por ao menos 18 desabamentos ao longo de cinco décadas, com o mais recente ocorrido em janeiro de 2025, que resultou em 54 mortes.

Foto: Roberto Stuckert Filho/Agência Brasil

Os prédios-caixão eram construídos sem o uso de concreto armado, vigas ou pilares, utilizando materiais de baixa durabilidade, o que, com o tempo, causava desabamentos catastróficos. Esse tipo de construção era uma opção barata, porém perigosa, popularizada na década de 1970, quando o lobby de ceramistas pressionava a Companhia de Habitação do Estado (Cohab). Ao longo dos anos, essas edificações se tornaram um sério problema social.

Muitos moradores, como a administradora Rosângela Costa, compraram imóveis nesses prédios com a esperança de conquistar a casa própria, mas a realidade se transformou em pesadelo. No caso de Costa, o Conjunto Beira-Mar, onde morou por 39 anos, sofreu um desabamento parcial em 2023, matando 14 pessoas. “Ninguém mais foi o mesmo”, afirmou ela, que agora vive em uma casa cedida por um conhecido.

A situação é ainda mais dramática porque, embora esses prédios tenham sido proibidos, muitos continuam habitados ou abandonados, com centenas de famílias vivendo em risco. Algumas reocupações ilegais e a falta de alternativas habitacionais agravam o problema, visto que o estado de Pernambuco enfrenta um déficit habitacional significativo.

Para enfrentar esse desafio, o governo firmou um acordo para indenizar até R$ 120 mil 14 mil famílias de prédios interditados. Além disso, está prevista a demolição desses edifícios e a construção de novas moradias populares. No entanto, o valor das indenizações tem gerado insatisfação entre os ex-moradores, que consideram as compensações insuficientes para recomeçar suas vidas.

Enquanto o estado tenta resolver as consequências desse modelo de construção, os prédios-caixão continuam a ser um símbolo de um passado de negligência e descaso com a segurança e o bem-estar da população pernambucana.

Com informações do G1.

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