A relação entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o chamado “mercado financeiro” continua tensa, com uma nova pesquisa revelando a insatisfação predominante entre os agentes do setor. A pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (4), revela que 90% dos economistas consultados reprovam a atuação do presidente, marcando um aumento significativo em relação aos 64% de desaprovação registrados em março deste ano. A pesquisa foi realizada entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro, com a participação de economistas de 105 fundos de investimento localizados em São Paulo e no Rio de Janeiro.
A visão negativa sobre o governo de Lula é expressiva, com apenas 3% dos agentes do mercado avaliando sua gestão positivamente, enquanto 7% a consideram regular. Além disso, a pesquisa aponta que 96% dos economistas acreditam que o governo está conduzindo a economia de maneira errada. A perspectiva para os próximos 12 meses também é preocupante, com 88% dos entrevistados apontando uma piora na economia brasileira.
A avaliação das medidas apresentadas recentemente pelo governo para o equilíbrio das contas públicas também é predominantemente negativa. Para 42% dos entrevistados, o pacote de corte de gastos é pouco satisfatório, enquanto 58% o consideram “nada satisfatório”. Nenhuma resposta foi registrada como “muito satisfatória”.
Apesar da desaprovação generalizada em relação ao governo Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem uma avaliação relativamente mais positiva. De acordo com a pesquisa, 41% dos economistas mencionaram Haddad de forma positiva, enquanto 24% o veem de forma negativa e 35% o consideram regular.
A pesquisa deve gerar reações intensas, especialmente entre parlamentares do PT, que frequentemente criticam o mercado financeiro. Gleisi Hoffmann, presidente do PT, já expressou sua insatisfação com a postura do mercado, destacando a contradição entre a visão dos “especialistas” e os resultados econômicos observados no Brasil. Em postagens nas redes sociais, Gleisi afirmou que a economia brasileira continua se beneficiando de investimentos, do fortalecimento do mercado de trabalho e do consumo das famílias, contrastando com a visão negativa do mercado e a defesa dos juros altos.
José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil e uma figura influente no PT, também se manifestou criticamente em relação ao mercado financeiro. Em entrevista ao jornal O Globo, Dirceu defendeu o pacote fiscal do governo, mas acusou o mercado de querer “sangue” e de buscar antecipar o resultado das próximas eleições. Ele ressaltou que o governo já fez sua parte e agora depende do Congresso, acrescentando que, caso houvesse uma maioria, a Reforma Tributária seria avançada, abrangendo a renda, a riqueza e a propriedade.