A proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de assumir o controle da Faixa de Gaza e retirar os palestinos do território gerou forte reação internacional. O plano foi repudiado por países do Oriente Médio, da Europa, pela ONU e até pela Rússia, que classificaram a ideia como racista, ilegal e contrária ao direito internacional.
Foto: Elizabeth Frantz/Reuters.
Reação internacional
Líderes globais se posicionaram contra a proposta. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a declaração de Trump “não faz sentido” e que “quem tem que cuidar de Gaza são os palestinos”. A ONU considerou a fala “muito surpreendente”, e seu escritório de Direitos Humanos alertou que qualquer deslocamento forçado de palestinos é proibido pelo direito internacional.
Na Europa, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, declarou que Gaza pertence aos palestinos e que sua expulsão seria inaceitável. O Ministério das Relações Exteriores da França alertou que qualquer deslocamento forçado seria uma grave violação do direito internacional e um obstáculo à solução de dois Estados. O chanceler da Espanha, José Manuel Albares, reforçou que Gaza faz parte do futuro Estado palestino e que os palestinos devem permanecer no território.
Condenação no mundo árabe
A proposta de Trump gerou forte repúdio entre os países árabes. O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, rejeitou qualquer tentativa de deslocar os palestinos e reafirmou que a posição do país é “clara e explícita”. O rei Abdullah, da Jordânia, também condenou o plano, afirmando que seu país não aceitará refugiados palestinos forçados a sair de Gaza.
O grupo Hamas chamou a fala de Trump de “racista” e declarou que os palestinos resistirão a qualquer tentativa de expulsão. Já o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, afirmou que os palestinos “não abrirão mão de sua terra”.
Reação da Rússia e críticas dentro dos EUA
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, destacou que a Rússia apoia a solução de dois Estados e que um acordo para o Oriente Médio deve seguir as resoluções da ONU. A Anistia Internacional classificou a proposta de remoção dos palestinos como “destruição de um povo”.
Nos Estados Unidos, políticos criticaram duramente Trump. A deputada democrata Rashida Tlaib afirmou que a proposta equivale a “limpeza étnica”, enquanto o senador Chris Murphy disse que a ideia de uma invasão americana em Gaza “parece uma piada de mau gosto e doentia”.
Trump defende controle americano sobre Gaza
Trump fez a declaração na terça-feira (4), ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca. Ele afirmou que os EUA deveriam “assumir a Faixa de Gaza”, reconstruí-la e mantê-la sob controle a longo prazo. Segundo o presidente americano, a presença palestina no território seria um obstáculo para o desenvolvimento da região.
O premiê israelense não comentou diretamente a proposta, mas reforçou que os objetivos de Israel incluem “eliminar ameaças à segurança do país”. Já o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, um dos principais nomes da extrema direita israelense, elogiou a ideia e disse que ajudar os palestinos a “começarem uma nova vida em outro lugar” seria positivo.
O plano de Trump levanta preocupações sobre um possível deslocamento forçado em massa, o que pode resultar no enfraquecimento da luta pela criação do Estado da Palestina. O impacto da declaração ainda será debatido na ONU e em encontros diplomáticos nos próximos dias.
Com informações do G1.