Bianca Duarte Franco, de 24 anos, conhecida como “Ayna”, foi presa na última sexta-feira (2), em Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, sob acusação de integrar o Comando Vermelho (CV), organização criminosa com atuação nacional. Natural do Maranhão, Bianca foi apontada pela Polícia Civil do Pará como responsável pelo “recrutamento” de novos integrantes da facção — uma espécie de setor de Recursos Humanos do crime.

Foto: Divulgação.
Nas redes sociais, Ayna se orgulhava da vida criminosa. Exibia fuzis, pistolas, roupas camufladas, coletes à prova de balas, e até comemorou o aniversário com um bolo decorado com armas e a inscrição “Tropa do 41”, em referência ao traficante Leonardo Costa Araújo, o “Leo 41”, morto em 2023 e considerado um dos líderes do CV no Pará.
Exibição armada e ligação com a facção
Imagens divulgadas pela polícia mostram Bianca com armas na mão, no ombro e até com fuzis em bandoleiras, em áreas de mata e favelas do Rio de Janeiro, como o Complexo da Penha. Em vídeos, aparece dançando armada, sempre reforçando sua ligação com o crime.
Em uma publicação, ela escreveu: “Só ódio nessa desgraça de vida”. Em outra, debochou do próprio status de foragida com a frase: “O mundo é dos espertos” — que acabou sendo dita pelo delegado Gustavo Fossati no momento da prisão.
Função estratégica dentro do CV
Segundo as investigações, Bianca era responsável por checar antecedentes e possíveis conflitos de novos integrantes com membros da cúpula da facção. Após essa análise, preenchia um formulário de entrada no grupo criminoso. “Ela atuava como uma espécie de RH do Comando Vermelho”, afirmou o delegado Fossati.
Vida dupla e prisão em flagrante
Ao ser presa, Bianca estava com duas amigas — Layane Tharlita Santos Santana, do Pará, e Kalita Eduarda Ataíde, do Distrito Federal — também detidas em flagrante por tráfico de drogas e associação criminosa.
Durante a abordagem, Ayna se mostrou surpresa e tentou questionar os policiais. Em vídeos gravados pela equipe, ela diz: “Você vai ficar me gravando? Pelo amor de Deus”.
Em depoimento anterior, ela admitiu o envolvimento com o tráfico, inclusive afirmando que sua mãe tinha conhecimento de suas atividades criminosas: “Minha mãe sabe que eu sou bandida, sabe que eu trafico, tudo o que eu faço”.
Justiça e expansão da facção
Na segunda-feira (5), a Justiça converteu a prisão em flagrante das três jovens em preventiva. O juiz Pedro Ivo Martins Caruso D’ippolito, da 2ª Vara Criminal de São João de Meriti, destacou a gravidade das acusações.
A prisão de Bianca é parte de uma megaoperação da Polícia Civil do Pará, com apoio do Ministério da Justiça, para conter a expansão do Comando Vermelho pelo país. Nos últimos 15 dias, 35 criminosos foram presos em diferentes estados.
Segundo Fossati, o CV não se limita mais ao tráfico de drogas. A facção busca o domínio territorial, principalmente por meio da extorsão de comerciantes. “Hoje, eles cobram taxas altíssimas para que empreendedores possam trabalhar. Isso virou um problema nacional”, destacou o delegado.
Com informações do G1.