O anúncio do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) feito pelo Ministério da Fazenda na última quinta-feira (22 de maio de 2025) gerou desconforto no governo e expôs uma falta de alinhamento entre a pasta e o Banco Central (BC). Segundo apuração da Folha de S. Paulo, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, não foi informado previamente sobre a decisão e se opôs às alterações.

Foto: Pedro França / Agência Senado
Divergências entre Haddad e Banco Central
O secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que Galípolo e o ministro Fernando Haddad discutiram o tema em uma reunião na última terça-feira (20). No entanto, Haddad desmentiu essa versão publicamente, afirmando que nenhuma das medidas fiscais anunciadas foi negociada com o BC.
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, tentou justificar a mudança no IOF, alegando que a medida poderia colaborar com o controle da inflação, ajudando a encerrar o ciclo de altas da taxa Selic e favorecendo a redução dos juros.
Reação do mercado e impactos econômicos
Apesar da justificativa, a reação do mercado foi negativa:
- O dólar subiu 0,35%, fechando cotado a R$ 5,660.
- O Ibovespa recuou 0,44%, encerrando o dia em 137.272 pontos.
A instabilidade veio após uma breve melhora inicial com o anúncio do congelamento de R$ 31,3 bilhões no orçamento, seguida pela deterioração após a divulgação da alta no IOF.
Tensão na política monetária
Fontes do governo indicam que Galípolo já havia se posicionado contra mudanças no IOF, um tributo de caráter regulatório que pode ser alterado por decreto, sem necessidade de aprovação no Congresso Nacional.
Além disso, na última segunda-feira (19), Galípolo indicou que o BC vê sentido em manter a taxa Selic em 14,75% ao ano por mais tempo, o que contribuiu para a queda das taxas de juros de longo prazo.
A falta de coordenação entre a Fazenda e o Banco Central levanta dúvidas sobre a credibilidade da política econômica, podendo comprometer a condução fiscal e monetária do país.
Com informações do Bnews.