Israel passou a controlar mais de 50% da Faixa de Gaza, após intensificar a ofensiva contra o Hamas em março. A informação foi confirmada pela agência Associated Press, que aponta a criação de uma ampla zona militarizada ao longo da fronteira com o território israelense.

Foto: Associated Press
A maior área sob domínio contínuo do Exército está situada justamente nessa região de fronteira, onde casas, plantações e outras estruturas civis foram destruídas. Segundo relatos de soldados israelenses e organizações de direitos humanos, a devastação é tão extensa que muitos desses locais se tornaram inabitáveis.
A chamada “zona de segurança” duplicou de tamanho nas últimas semanas. Na última quarta-feira (2), o governo israelense já havia anunciado o plano de ampliar as operações militares e tomar áreas estratégicas da Faixa de Gaza. O objetivo, segundo autoridades, é aumentar a pressão sobre o Hamas para a libertação dos reféns capturados em 7 de outubro de 2023 — episódio que marcou o início do conflito.
Apesar de o governo israelense sustentar que a ocupação é temporária, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem reiterado que Israel manterá o controle de segurança sobre Gaza mesmo após a eventual derrota do Hamas. Ele também defendeu medidas que incentivem a saída da população palestina do território.
Soldados israelenses ouvidos pela Associated Press afirmaram que receberam ordens para destruir tudo nas regiões ocupadas — desde casas e fábricas até árvores centenárias. “Eles não terão para onde voltar. Nunca voltarão”, declarou um militar sob anonimato. A organização de veteranos Breaking the Silence publicou, nesta segunda-feira (7), um relatório com relatos semelhantes, sugerindo que a destruição sistemática prepara o terreno para uma ocupação permanente.
Segundo o professor Yaakov Garb, especialista em uso do solo na região, a zona tampão e o Corredor Netzarim — que divide o norte e o sul de Gaza — já representam pelo menos metade do território. Netanyahu também anunciou planos para abrir um novo corredor que isolaria a cidade de Rafah, no extremo sul.
Imagens de satélite divulgadas por organizações civis revelam bairros inteiros em ruínas e a construção de diversas bases militares israelenses. Os soldados entrevistados descreveram a zona tampão como uma área onde qualquer presença palestina era tratada como ameaça — inclusive mulheres e crianças.
O Exército de Israel declarou que suas ações são baseadas em inteligência e que busca evitar vítimas civis sempre que possível. Contudo, grupos de direitos humanos denunciam a prática como possível crime de guerra. Na zona tampão, alertam para o risco de “limpeza étnica”, já que a destruição sistemática impediria o retorno dos palestinos.
Netanyahu, por sua vez, reafirmou que a guerra só terminará com a destruição do Hamas e a remoção de seus líderes. Após esse objetivo ser alcançado, Israel pretende manter o controle da segurança na região e incentivar a chamada “emigração voluntária” dos palestinos — proposta que também conta com o apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Israel nega que esteja promovendo remoções forçadas e afirma que evacua civis das áreas de combate com o intuito de protegê-los. Ainda não há uma definição oficial sobre quanto tempo essas áreas permanecerão sob ocupação militar.
Com informações do G1.