Uma investigação da Polícia Federal, revelada pelo programa Fantástico, trouxe à tona um esquema sofisticado de espionagem operado por agentes russos no Brasil. A chamada “Fábrica de Espiões”, que funcionava desde os anos 1980, permitia que agentes da inteligência russa apagassem seus rastros e criassem identidades falsas para atuar como brasileiros.

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Espiões infiltrados na sociedade brasileira
O caso mais emblemático é o de Gerhard Daniel Campos, cujo verdadeiro nome é Artem Shmyrev. Ele mantinha uma empresa de impressão 3D no centro do Rio de Janeiro, a menos de 100 metros do Consulado dos EUA. Segundo relatos de amigos e ex-colegas de trabalho, Shmyrev levava uma vida aparentemente normal, participando de aniversários, encontros em bares e eventos sociais.
Três homens que conviveram com ele afirmaram que não desconfiavam de nada, mas notavam que ele evitava falar sobre seu passado. A investigação revelou que sua certidão de nascimento era forjada, indicando falsamente que ele era filho de Fátima Regina Campos Monteiro, uma mulher que nunca teve filhos.
Esquema de espionagem internacional
O jornal The New York Times publicou uma lista com nove espiões russos que atuaram no Brasil, utilizando documentos falsificados para obter passaportes brasileiros e viajar para outros países sob disfarce. Segundo a reportagem, o Brasil foi usado como ponto de partida para a elite dos oficiais de inteligência russos, conhecidos como “ilegais”.
A investigação aponta que os agentes abriram empresas, fizeram amigos e viveram romances, criando uma rede de contatos que os ajudava a manter suas identidades falsas. O esquema envolvia diplomatas russos, que teriam facilitado a obtenção de documentos forjados.
Repercussão e próximos passos
A Polícia Federal segue investigando o caso, e um dos espiões, Sergey Cherkasov, foi preso no Brasil. Ele usava o nome falso Victor Miller Ferreira e chegou a conseguir um estágio no Tribunal Penal Internacional de Haia, na Holanda, antes de ser barrado na imigração.
A revelação da Fábrica de Espiões levanta preocupações sobre a segurança nacional e a vulnerabilidade do sistema de registros civis no Brasil, que permitiu a criação de identidades falsas por décadas.
Com informações do G1.