Em um emocionante episódio do videocast “O Amor na Influência”, Emerson Ferretti, atual presidente do Esporte Clube Bahia Associação e ex-goleiro de clubes como Bahia e Flamengo, compartilhou sua trajetória no futebol e os desafios que enfrentou ao manter sua sexualidade em segredo durante sua carreira. O episódio, transmitido na terça-feira (5) pela Wondery, estúdio de podcasts da Amazon, discutiu a vivência dos atletas LGBTQIA+ no esporte brasileiro.
Foto: Reprodução/Wondery Brasil.
Ferretti abriu o coração e revelou como esconder sua orientação sexual o afetou profundamente, levando-o a viver com sérios problemas de saúde mental, como a depressão. “Eu era goleiro da Seleção Brasileira Sub-20. Com 20 anos, já era goleiro titular do Grêmio. Eu tinha o profissional cada vez mais em ascensão, mas, ao contrário, a vida pessoal cada vez pior. O vazio aumentava porque quanto mais famoso eu ficava, mais difícil se tornava para eu me relacionar. O desequilíbrio era grande e várias vezes tive episódios de depressão”, relatou.
Ele também contou que, no auge de sua carreira, chegou a cogitar desistir do futebol para poder viver uma vida pessoal mais equilibrada. “A depressão me levou a pensar em desistir da carreira, mesmo sendo goleiro de grandes clubes. Algumas vezes pensei em desistir de jogar futebol para poder viver um pouquinho do lado pessoal”, confessou.
O ex-jogador explicou que só conseguiu alcançar o equilíbrio e a paz interior ao falar abertamente sobre sua sexualidade. “Eu acho que só consegui equilibrar isso agora, depois de falar (sobre a sexualidade). Quando a gente fala abertamente – e não foi nada programado a minha fala. Eu falei quando estava com 50 anos, né? Foi uma construção que demorou alguns anos até chegar a esse ponto de falar. Mas foi tão libertador, que hoje consigo viver plenamente”, completou.
Além de Ferretti, o ginasta Rayan Dutra, que é o único atleta bissexual a representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, também participou do episódio. Ele destacou a importância de referências LGBTQIA+ no esporte e citou nomes como Diego Hypólito e Arthur Nory, que têm sido exemplos de visibilidade na ginástica brasileira.
Rayan também falou sobre a aceitação da comunidade LGBTQIA+ nas modalidades esportivas. “Quando eu era pequeno, tinha uma referência, que foi o Diego Hipólito e o Arthur Nory. Acho que na ginástica hoje em dia, a gente consegue ter atletas assumidamente LGBTs. Eu sou um atleta LGBT em atividade, mas a gente tem muito pouco ainda, sem que isso seja um problema”, afirmou.
Ferretti complementou a fala de Dutra, destacando que, enquanto outras modalidades esportivas têm avançado na aceitação de atletas LGBTQIA+, o futebol ainda está dando passos lentos. “Tem algumas modalidades que talvez aceitem um pouco mais. O futebol não, ainda não. É um processo. Costumo dizer que o futebol anda dois passos atrás da evolução da sociedade. Hoje a gente já vê uma aceitação maior e temos até um governador assumidamente gay”, afirmou Ferretti.
O episódio discutiu também questões de gênero na educação física e a percepção da comunidade LGBTQIA+ no esporte, destacando os desafios ainda enfrentados pelos atletas. “O Amor na Influência” é lançado semanalmente nas plataformas de streaming e no canal da Wondery Brasil no YouTube.
Com informações do Bahia Notícias.