Consumo de álcool entre idosos no Brasil: uma morte a cada 4 horas, aponta estudo


Por Marcos Candido | Folhapress

A cada quatro horas, uma pessoa com mais de 55 anos morre no Brasil devido ao consumo abusivo de álcool, segundo levantamento do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa). O estudo, baseado em dados do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS), revela que, nos últimos dez anos, essa faixa etária foi a única a registrar aumento nos índices de internações relacionadas ao álcool que levaram ao óbito, saltando de 22% para 35%.

Foto: Freepik

Doenças decorrentes do alcoolismo, como cirrose, complicações hepáticas, hipertensão e problemas de saúde mental, estão entre os principais fatores que levam à morte dos mais velhos. De acordo com Mariana Thibes, doutora em sociologia e coordenadora do Cisa, o envelhecimento torna o organismo mais vulnerável, agravando os efeitos do álcool: “Podemos evitar que esses quadros evoluam para algo mais grave”, ressalta a especialista.

Embora a população acima dos 55 anos registre o maior número de óbitos relacionados ao álcool, ela não é a que mais consome. Em 2023, o consumo abusivo foi identificado em 8,6% dos idosos, enquanto os índices foram significativamente maiores entre jovens de 18 a 34 anos (26,9%) e adultos de 35 a 54 anos (22,9%). A maior vulnerabilidade dos idosos, no entanto, faz com que as consequências sejam mais severas.

Segundo a OMS, o consumo abusivo ocorre quando uma pessoa ingere 60 g ou mais de álcool puro em uma única ocasião – o equivalente a quatro doses de bebidas como cerveja, vinho ou destilados. O levantamento reforça a importância da qualificação dos profissionais de saúde para identificar precocemente o uso nocivo e intervir antes que o problema evolua para quadros mais graves.

“Os profissionais da atenção primária, porta de entrada para o atendimento via SUS, devem estar preparados para orientar e encaminhar pacientes com sinais de dependência”, alerta Thibes. A especialista também destaca o papel das famílias no acompanhamento dos idosos, incentivando-os a buscar apoio em redes públicas ou grupos de aconselhamento.

Apesar do aumento proporcional entre idosos, o número absoluto de internações relacionadas ao álcool caiu quase pela metade em uma década, de 112 mil em 2010 para 50 mil em 2023. Já os óbitos somaram 3.202 no ano passado.

O projeto Saúde Pública, que apoia a pesquisa, conta com o suporte da Umane, associação civil que promove iniciativas de saúde em todo o Brasil.

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