O rapper Oruam, nome artístico de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, se tornou um dos maiores fenômenos do trap nacional nos últimos anos. Com milhões de seguidores nas redes sociais e um público fiel, ele alcançou o topo do Spotify Brasil com o hit “Oh Garota Eu Quero Você Só Pra Mim”, parceria com Zé Felipe. Ao mesmo tempo, seu nome está no centro de um debate político, já que projetos de lei em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo tentam proibir a contratação de artistas que fazem “apologia ao crime”. Essas propostas ficaram popularmente conhecidas como “Lei anti-Oruam”.

Foto: Divulgação.
O artista, que começou sua carreira musical em 2021 e ganhou destaque em 2022, é um dos principais nomes do trap brasileiro, um subgênero do rap com batidas graves e letras que falam sobre ostentação, festas e a realidade das ruas. Ele já colaborou com artistas como Ryan SP, MC IG e MC PH e participou do Poesia Acústica, um dos projetos mais influentes do rap nacional. Em 2024, se apresentou em festivais gigantes como Lollapalooza e Rock in Rio, consolidando sua popularidade.
O perfil dos fãs
Oruam tem uma base de seguidores predominantemente jovem, que se identifica com sua estética, seu estilo de vida e suas letras. O público se divide em dois grandes grupos:
1. Aspiracional – São fãs que veem no rapper um modelo de sucesso e desejam alcançar o mesmo nível de ostentação e fama que ele exibe em suas redes sociais e músicas.
2. Lealdade ao ídolo – Muitos seguidores adotam um discurso de “nós contra eles”, defendendo Oruam de qualquer crítica e reforçando a ideia de que ele sofre perseguição, algo que também se vê em fenômenos como o futebol, reality shows e narrativas de filmes e séries.
A música que estourou
Oruam já tinha uma grande audiência no trap, mas foi com “Oh Garota Eu Quero Você Só Pra Mim” que ele rompeu a bolha e atingiu um público ainda maior. A faixa mistura trap e funk pop e tem um refrão chiclete, o que a torna acessível até para quem não acompanha o gênero. Seu sucesso foi impulsionado pelo TikTok, onde a música viralizou com dancinhas, e pelo YouTube, onde o clipe já acumula mais de 70 milhões de visualizações.
A parceria com Zé Felipe também ajudou a levar a música para outros públicos. Casado com a influenciadora Virginia Fonseca, Zé Felipe tem uma enorme presença digital e atrai fãs do sertanejo e do pop para seus trabalhos. Isso facilitou a disseminação do hit e garantiu seu sucesso nas plataformas de streaming.
A letra segue a tendência do que domina o top 50 do Brasil: sensualidade e ostentação. O eu-lírico menciona o Jogo do Tigrinho, um cassino online polêmico que promete ganhos fáceis, e descreve a mulher desejada como “gata” e com “bundão de academia”. O tema de sedução e festa é recorrente nas músicas de Oruam, mas essa canção se diferencia por ser mais leve e comercial, o que ajudou a atrair um público mais amplo.
Oruam e a polêmica da “Lei anti-Oruam”
Enquanto desfruta do auge da carreira, o rapper também enfrenta um intenso debate político. A proposta apelidada de “Lei anti-Oruam” busca impedir que artistas que fazem “apologia ao crime” sejam contratados para eventos financiados com dinheiro público. O nome do projeto vem do fato de Oruam ter tatuagens em homenagem a seu pai, Marcinho VP, condenado por tráfico de drogas, e ao traficante Elias Maluco, responsável pela morte do jornalista Tim Lopes.
O rapper nunca escondeu sua origem e frequentemente cita armas e crimes em suas músicas, algo comum no trap e no funk. Seus defensores argumentam que suas letras são uma forma de expressão artística, enquanto críticos afirmam que ele glorifica o crime. A polêmica reflete um debate maior sobre liberdade de expressão e censura na música brasileira, algo que já ocorreu no passado com o funk carioca e o rap.
Independentemente das controvérsias, Oruam segue como um dos principais nomes da música brasileira atual. Seu crescimento meteórico e sua capacidade de se conectar com o público mostram que ele ainda tem muito espaço para crescer – seja dentro das paradas musicais ou no centro das discussões sobre cultura e sociedade.
Com informações do G1.