O ex-jogador Ronaldo Fenômeno enfrenta grandes dificuldades para viabilizar sua candidatura à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Dois meses após manifestar interesse no cargo, ele ainda não conseguiu reunir o apoio necessário para registrar uma chapa, esbarrando na complexa estrutura política da entidade.
Em uma carta divulgada na última segunda-feira (24), Ronaldo criticou o atual modelo eleitoral da CBF, afirmando que a configuração vigente “dificulta (quiçá, impede) o surgimento de candidaturas alternativas”. O cenário favorece o atual presidente, Ednaldo Rodrigues, que conta com o respaldo de lideranças influentes do futebol brasileiro.

Para oficializar sua candidatura, é necessário o apoio mínimo de quatro federações estaduais e quatro clubes. No entanto, até o momento, Ronaldo não conseguiu essas assinaturas. O peso das federações no pleito é um dos principais obstáculos: cada uma delas tem voto com peso três, o que significa que podem definir a eleição sem depender dos clubes das Séries A e B. Mesmo que todos os 40 clubes da elite e da segunda divisão se unissem para lançar um candidato alternativo, a estrutura ainda beneficiaria a manutenção da gestão atual.
Além disso, federações importantes, como as do Pará e do Rio de Janeiro, não demonstraram interesse em apoiar o ex-atacante. Enquanto isso, Ednaldo Rodrigues segue fortalecendo alianças, tornando sua reeleição ainda mais provável.
O estatuto da CBF permite que as eleições sejam convocadas a partir de 23 de março, mas ainda não há uma data definida. Ronaldo pediu que o pleito seja marcado com pelo menos um mês de antecedência.
Apesar da resistência política, o ex-jogador recebeu manifestações públicas de apoio de outros ex-atletas. No entanto, esse suporte tem pouco impacto prático, já que apenas federações e clubes têm direito a voto no processo.
Gestões questionadas e desafios no futebol
Fora do campo político da CBF, Ronaldo também enfrenta questionamentos sobre sua trajetória como gestor. Desde 2018, ele é o sócio majoritário do Real Valladolid, clube espanhol que sofreu dois rebaixamentos sob sua administração, nas temporadas 2020/21 e 2022/23. Em ambas as ocasiões, o time conseguiu o acesso na temporada seguinte, mas a insatisfação da torcida cresceu, culminando recentemente em protestos após uma goleada de 7 a 1 para o Athletic Bilbao.
No Brasil, sua passagem pelo Cruzeiro também terminou com críticas. Após liderar a volta do clube à Série A, ele vendeu sua participação na SAF para o empresário Pedro Lourenço em maio de 2024. Embora tenha garantido a reestruturação financeira do time, Ronaldo admitiu que assumir o Cruzeiro foi uma “irresponsabilidade”. Durante sua gestão, o clube não conquistou títulos de expressão e viu seu rival Atlético-MG consolidar uma hegemonia estadual. O descontentamento da torcida se manifestou de forma intensa, incluindo o episódio simbólico em que um bandeirão com sua imagem foi queimado.
Com um histórico recente de desafios como gestor e a falta de apoio político dentro da CBF, o caminho de Ronaldo rumo à presidência da entidade parece cada vez mais distante.