A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) entrou com recurso contra o afastamento do presidente Ednaldo Rodrigues, determinado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). A decisão judicial teve como base supostas irregularidades no processo que elegeu Ednaldo ao comando da entidade máxima do futebol brasileiro.
A CBF considera irregular a nomeação do vice-presidente Fernando Sarney como interventor. Segundo a defesa, a substituição interina, em caso de vacância, deve ser feita pelo diretor mais velho da entidade — e não por um vice. A contestação foi protocolada pelos advogados Gammil Föppel (assessor jurídico especial da presidência), André Mattos (diretor jurídico) e Lucas Ribeiro (assessor jurídico).
A decisão do desembargador Gabriel de Oliveira Zefiro, que determinou que Sarney organize novas eleições “o mais rápido possível”, também é questionada. Para os defensores de Ednaldo, a medida confronta decisão anterior do Supremo Tribunal Federal (STF), que homologou um acordo garantindo sua permanência na presidência da CBF.
A defesa argumenta ainda que o afastamento pode gerar sanções internacionais, já que tanto a FIFA quanto a Conmebol não reconhecem interferências judiciais nas federações nacionais. “Ao declarar nulidade do acordo e determinar, de ofício, o afastamento da diretoria da CBF, o magistrado atuou como instância revisora — e, mais grave, censora — do Supremo Tribunal Federal”, afirmam os advogados em trecho do recurso direcionado ao ministro Gilmar Mendes.
O mesmo Gilmar Mendes foi responsável por manter Ednaldo no cargo ao homologar o acordo citado. No entanto, a relação entre o ministro e a CBF azedou desde agosto de 2023, quando veio a público uma parceria entre a entidade esportiva e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), fundado por Gilmar e atualmente dirigido por seu filho, Francisco Mendes. Após questionamentos sobre a proximidade entre o ministro e a CBF, a notícia da parceria foi retirada do site da confederação.