O trabalho remoto, que ganhou força durante a pandemia, enfrenta um período de retração, com diversas empresas determinando o retorno ao escritório. Questões como produtividade, integração de equipes e expansão dos negócios têm sido apontadas como razões para essa mudança. No entanto, especialistas destacam que os desafios do home office muitas vezes refletem falhas de gestão e não apenas problemas de adaptação dos funcionários.

Foto: Mario Furtado/ D’OM
Empresas revendo políticas de trabalho
Enquanto algumas companhias, como o Nubank, mantêm um modelo híbrido flexível, permitindo que os funcionários trabalhem remotamente com encontros presenciais programados, outras grandes corporações, como Amazon e Dell, optaram por medidas mais rígidas para incentivar a volta ao escritório. A Dell, por exemplo, restringiu promoções para funcionários que permanecem em home office.
A decisão de reduzir o teletrabalho também tem impacto no mercado imobiliário. Em São Paulo, a taxa de vacância de escritórios comerciais vem caindo, aproximando-se dos níveis pré-pandemia. O preço médio do aluguel em regiões valorizadas chegou a R$ 311 por metro quadrado, refletindo a crescente ocupação desses espaços.
Os desafios do trabalho remoto
Uma pesquisa da Mercer Brasil apontou que 76% dos gestores têm insegurança quanto à produtividade no home office, enquanto 66% mencionam o excesso de reuniões como um problema. Além disso, há dificuldades na adaptação de novos funcionários e no fortalecimento da cultura organizacional.
Apesar dessas preocupações, a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Eliane Ramos, ressalta que a eficácia do home office depende de fatores como planejamento estratégico, maturidade dos funcionários e o perfil do negócio. Empresas que necessitam de colaboração intensa podem enfrentar dificuldades com o modelo remoto.
Híbrido como tendência
Mesmo com o movimento de retorno ao escritório, muitas empresas estão buscando alternativas intermediárias. A agência de publicidade D’OM, por exemplo, adota um modelo híbrido, com trabalho remoto pela manhã e reuniões presenciais à tarde. Para o CEO Mario D’Andrea, essa abordagem melhora a integração sem perder a flexibilidade.
No Nubank, a estratégia envolve estimular o uso voluntário dos escritórios, sem uma imposição rígida. A empresa monitora constantemente os resultados e admite que pode modificar o modelo no futuro, se necessário.
Além da busca por produtividade, a ocupação dos escritórios também é impulsionada pela chegada de novas empresas ao Brasil e pela expansão de negócios. Startups e grandes companhias, como a Conta Simples, têm investido em espaços físicos para fortalecer conexões e construir uma cultura organizacional sólida.
Embora o home office esteja perdendo força, o modelo híbrido parece se consolidar como a solução mais viável para equilibrar flexibilidade e eficiência. As empresas que souberem adaptar suas estratégias a essa nova realidade terão mais chances de manter a competitividade no mercado de trabalho.
Com informações do G1.