Por Aura Cristiana Henrique, jornalista

Foto: Diego Zacarias / Ministério da Fazenda
O anúncio feito pelo governo federal nesta quinta-feira (22), de congelar R$ 31,4 bilhões no Orçamento de 2025, é uma demonstração clara de compromisso com a responsabilidade fiscal e com a estabilidade econômica do país. A medida, dividida entre contingenciamento e bloqueio de gastos, quer assegurar que o Brasil cumpra a meta de déficit zero, condição essencial para manter a confiança de investidores, controlar a inflação e evitar a escalada de juros que prejudicaria toda a economia.
É preciso reconhecer que esse ajuste é fundamental em um momento em que as contas públicas enfrentam pressões crescentes. O governo age com transparência, ao antecipar a necessidade de ajuste e adotar medidas preventivas para não deixar que o desequilíbrio fiscal se torne uma crise, como já aconteceu em outros períodos da nossa história recente.
É importante que a população brasileira permaneça atenta aos riscos desse congelamento. Reduzir investimentos públicos pode significar, a curto prazo, a paralisação de obras, a suspensão de programas sociais e a perda de qualidade em serviços essenciais, como saúde e educação.
E, como sempre, quem mais sofre são os brasileiros mais vulneráveis, que dependem diretamente das políticas públicas para ter acesso a serviços básicos e oportunidades de ascensão social. Enquanto isso, os setores mais ricos da sociedade seguem blindados, com acesso facilitado ao crédito privado, aos serviços de saúde suplementar e à educação de qualidade.
Além disso, é necessário fazer uma crítica responsável: o congelamento, mais uma vez, recai sobre áreas vitais para o desenvolvimento do país, enquanto velhos privilégios e benefícios político-partidários seguem intocados. A estrutura de gastos públicos no Brasil ainda abriga diversas despesas voltadas à manutenção de interesses eleitorais, com repasses, cargos e programas cujo impacto efetivo na vida da população é, muitas vezes, questionável.
A sociedade brasileira precisa exigir não apenas cortes lineares, mas uma revisão criteriosa das despesas públicas, combatendo privilégios, enxugando excessos e preservando investimentos em políticas públicas que garantem direitos fundamentais e reduzem desigualdades.
O congelamento anunciado é um gesto necessário de responsabilidade, mas não pode ser um álibi para a supressão de políticas públicas essenciais. Que a busca pelo equilíbrio fiscal caminhe junto com a coragem de reformar o Estado, reduzir benefícios eleitoreiros e priorizar quem mais precisa.
Esse deve ser o verdadeiro compromisso do governo com o povo brasileiro: não apenas com a estabilidade fiscal, mas também com a justiça social.