Motorista relata terror em corrida com PM descontrolado em Salvador: “Foram dois tiros na altura da cabeça”

O que deveria ser apenas mais uma corrida comum para o motorista de aplicativo Bryan Barros, terminou em momentos de puro pânico e desespero na madrugada deste domingo (06), em Salvador. Segundo relato do próprio condutor à imprensa, ele foi alvo de ameaças e disparos de arma de fogo feitos por um passageiro, que depois foi identificado como policial militar. A corrida, solicitada no bairro da Federação, acabou com uma passageira ferida e um boletim de ocorrência que, para o motorista, não reflete a gravidade do que viveu.

Foto: Divulgação.

Tudo começou com uma solicitação pela plataforma 99. Bryan, como faz diariamente, atendeu o chamado e buscou o grupo: um homem, duas mulheres — uma delas também seria policial — e uma criança. “Era uma família, saindo de um bar. O homem parecia alcoolizado, mas nada que chamasse muita atenção ou me levasse a recusar a corrida”, explicou em entrevista à TV Bahia.

Os problemas começaram poucos minutos após o embarque. De acordo com o motorista, o homem, que estava sentado no banco traseiro, começou a brincar de forma insistente com a criança, perturbando a viagem e atrapalhando sua concentração ao volante. “Pedi com educação que ele parasse. Na segunda vez, parei o carro em um posto de gasolina, na Avenida Centenário. As câmeras podem confirmar isso”, disse Bryan.

Apesar dos pedidos, a situação se agravou. Segundo o motorista, o passageiro passou a encostar propositalmente nele, agindo de maneira invasiva. Bryan então decidiu encerrar a corrida e sugeriu que outro veículo fosse solicitado. Foi nesse momento que o comportamento do homem mudou drasticamente.

“Ele sacou uma arma, engatilhou e mandou a família descer do carro. Foi ali que eu entrei em desespero. Arranquei com tudo, e no mesmo instante ouvi o disparo. Só parei na ladeira do Campo Santo, onde perdi o controle do carro e bati. Saí correndo, com medo de morrer. Depois me informaram que uma das mulheres ficou ferida dentro do carro.”

Na delegacia, Bryan ficou sabendo que o ferimento da passageira teria sido causado por estilhaços, mas ele não se convence dessa explicação. “Havia sangue dentro do carro. O SAMU disse que era estilhaço, mas até hoje isso me intriga.”

Outro momento que marcou Bryan foi quando retornou ao local do incidente para prestar esclarecimentos. “Quando voltei, o autor dos disparos estava rindo com outros policiais. Eu me senti coagido, ameaçado. Só me senti mais seguro quando outros motoristas e um influenciador apareceram para me apoiar.”

Segundo ele, o casal de policiais não se identificou em momento algum. Mesmo assim, a Polícia Militar divulgou uma versão em que o PM teria reagido após se sentir ameaçado pelo condutor — versão veementemente rebatida por Bryan. “Como um motorista sozinho, desarmado, ameaça dois policiais armados, com uma criança dentro do carro? É surreal.”

O caso foi registrado na delegacia, mas, para surpresa e revolta do motorista, não como tentativa de homicídio. “A delegada não enquadrou como tentativa. Mas pra mim, foi. Foram dois tiros, e um deles passou na altura da minha cabeça. Só estou vivo porque ele errou.”

A denúncia foi encaminhada à Corregedoria da Polícia Militar da Bahia, o que reacendeu alguma esperança em Bryan. “Quando disseram que não seria tentativa de homicídio, meu mundo caiu. Mas quando fomos encaminhados para a Corregedoria, senti que talvez alguém finalmente fosse me ouvir.”

O caso segue sob investigação, e a população aguarda por esclarecimentos e uma resposta firme das autoridades diante da gravidade do ocorrido.

Com informações do Bnews.

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