Um oficial da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) revelou, sob anonimato, que parte da operação de espionagem realizada no Paraguai teve como objetivo investigar possível interferência da CIA (agência de inteligência dos EUA) na campanha de setores paraguaios pelo endurecimento do acordo de Itaipu. O temor era que essa movimentação pudesse aumentar o custo da energia para o Brasil, prejudicando a competitividade da indústria nacional.

Foto: Vista aérea da usina – Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional – Divulgação
Segundo a fonte, a Abin teria detectado que ONGs locais, como o Centro para a Democracia, a Criatividade e a Inclusão Social (Demos), estariam sendo apoiadas por estruturas ligadas aos EUA. Um exemplo é uma palestra da Demos em 2019, realizada no Teatro de las Américas, em Assunção, um espaço administrado por um comitê com representantes paraguaios e norte-americanos. A organização, liderada pelo cientista político Miguel Carter, defende que o Paraguai tenha mais liberdade para vender o excedente de energia de Itaipu a terceiros, o que poderia fragilizar os acordos atuais com o Brasil.
As declarações surgem após o vazamento de informações de um inquérito da Polícia Federal (PF), no qual um servidor da Abin relatou uma suposta invasão hacker aos sistemas do governo paraguaio, com a intenção de obter vantagens nas negociações da usina binacional. A revelação provocou reação diplomática: o governo do Paraguai convocou embaixadores brasileiros e suspendeu as negociações sobre a comercialização da energia.
Enquanto o relato à PF sugere que a ação teve fins de espionagem e acesso indevido a dados, a versão da fonte da Abin afirma que o foco era proteger os interesses estratégicos do Brasil diante de possíveis pressões externas.
A situação segue tensa, e a crise diplomática entre Brasil e Paraguai pode impactar o andamento das conversas sobre o futuro da energia compartilhada por Itaipu, uma das maiores hidrelétricas do mundo.
Com informações do G1.