Embora muitos materiais plásticos sejam classificados como recicláveis, grande parte deles não chega a ser reaproveitada devido à baixa reciclabilidade, processos caros ou falta de demanda. Essa discrepância tem contribuído para a crescente acumulação de resíduos plásticos no meio ambiente, alertam especialistas.

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De acordo com a ONU, apenas 9% de todos os plásticos produzidos mundialmente foram reciclados. Mesmo embalagens comuns, como garrafas PET coloridas e sacos de salgadinho, que trazem o selo de reciclável, frequentemente não passam pelo processo completo de reaproveitamento.
Garrafas PET: cor influencia reciclabilidade
No Brasil, as garrafas PET são separadas em três categorias nas cooperativas de reciclagem: transparentes, verdes e multicoloridas. Enquanto o PET transparente é o mais reciclável, podendo ser reaproveitado inúmeras vezes e manter sua funcionalidade como garrafa, as versões coloridas enfrentam baixa reciclabilidade. Apenas 30% das garrafas PET coloridas são recicladas, devido à sua transformação em plástico preto, que possui menos aplicações comerciais.
A Coca-Cola, por exemplo, substituiu recentemente a tradicional garrafa verde da Sprite pelo modelo transparente, visando aumentar a reciclabilidade e melhorar os índices de reaproveitamento.
Plásticos de uso único e embalagens complexas
Itens como talheres descartáveis e embalagens de salgadinhos representam outro obstáculo. Apesar de serem tecnicamente recicláveis, o processo é considerado complexo e caro, o que desmotiva as empresas. As embalagens de salgadinhos, por exemplo, são feitas de camadas múltiplas de materiais, tornando sua separação inviável em larga escala.
Talheres de plástico, finos e pequenos, também acabam sendo descartados durante a triagem em cooperativas, acumulando-se no meio ambiente e levando séculos para se decompor.
O papel do consumidor e da indústria
Especialistas reforçam que o consumidor pode reduzir seu impacto ambiental ao fazer escolhas mais conscientes, como evitar o uso de PET colorido, optar por embalagens reutilizáveis e separar corretamente os resíduos recicláveis. Já do lado industrial, o desafio envolve o desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis e o cumprimento de leis mais rígidas para lidar com o lixo gerado.
“O plástico não é um vilão, mas seu uso deve ser mais eficiente. A responsabilidade das empresas deve ir além da coleta genérica; elas precisam cuidar especificamente dos resíduos que produzem,” destaca Roberto Rocha, presidente da Associação Nacional dos Catadores (Ancat).
Enquanto avanços tecnológicos e mudanças legislativas são necessários, ações individuais e empresariais podem pavimentar o caminho para uma economia mais circular, reduzindo o impacto do plástico no planeta.
Com informações do G1.