Empresa anuncia criação de camundongo geneticamente modificado com genes de mamutes

Uma empresa americana especializada em biotecnologia anunciou um importante avanço na tentativa de recriar espécies extintas. A Colossal Biosciences revelou ter desenvolvido camundongos geneticamente modificados com pelos semelhantes aos dos mamutes-lanosos, animais que habitaram a Terra há mais de quatro mil anos. O experimento faz parte de um projeto que busca trazer de volta espécies desaparecidas.

Foto: Colossal Biosciences

A empresa, que vem arrecadando bilhões de dólares para suas pesquisas, aposta na criação de uma versão adaptada do mamute-lanoso. O objetivo é utilizar características da espécie para contribuir com o combate às mudanças climáticas, reduzindo a liberação de dióxido de carbono, um dos principais gases do efeito estufa.

Como foi feita a modificação

Para realizar o experimento, os cientistas compararam os genomas de mamutes extraídos de restos mortais com os de seus parentes vivos e extintos. A análise revelou alterações proteicas que ajudaram a definir as características do mamute-lanoso, como a pelagem densa e a adaptação a climas frios.

Nos camundongos modificados, a alteração genética resultou em pelos longos e ondulados, além de um metabolismo acelerado de gordura, características que podem ter sido essenciais para a sobrevivência dos mamutes na última Era Glacial. Os cientistas manipularam dez genes ligados ao comprimento, espessura e textura do pelo, bem como ao metabolismo de gordura corporal.

O gene FGF5, por exemplo, foi modificado para prolongar o ciclo de crescimento dos pelos, deixando-os mais longos e desgrenhados. Outros três genes relacionados à estrutura do folículo capilar também foram alterados, garantindo uma textura lanosa semelhante à dos mamutes.

Durante cinco rodadas de experimentos, os pesquisadores criaram quase 250 embriões geneticamente modificados. Destes, menos da metade se desenvolveu de forma viável, e 38 filhotes nasceram. Segundo a empresa, todos expressaram com sucesso as características desejadas, como a pelagem dourada e lanosa, além do metabolismo de lipídeos acelerado.

Controvérsias e desafios científicos

Apesar do avanço, especialistas alertam que a pesquisa ainda precisa de mais validações científicas. O estudo ainda não foi publicado em revistas revisadas por pares, o que impede uma análise independente dos resultados.

Robin Lovell-Badge, chefe do Laboratório de Biologia de Células-Tronco e Genética do Desenvolvimento do Instituto Francis Crick, em Londres, ponderou que a pesquisa ainda não prova a viabilidade de transferir características dos mamutes para elefantes modernos. “O que temos é apenas um grupo de camundongos peludos e fofos, sem um entendimento mais profundo de sua fisiologia e comportamento”, afirmou.

Outro ponto de questionamento é se a modificação genética realmente confere resistência ao frio, como esperado. Além disso, a saúde a longo prazo dos camundongos ainda é incerta, incluindo fatores como fertilidade e predisposição a doenças.

A empresa defende que a pesquisa está apenas no início e que mais experimentos serão conduzidos. Segundo a Colossal Biosciences, o objetivo é introduzir os primeiros bezerros de mamute-lanoso já em 2028.

O impacto ambiental da ressuscitação de espécies

A proposta da Colossal Biosciences é baseada na ideia de que a reintrodução de espécies extintas pode ajudar a restaurar ecossistemas. O mamute-lanoso, por exemplo, teria um papel fundamental na tundra siberiana e norte-americana, áreas onde hoje a vegetação predominante é o musgo. No passado, as pastagens dominavam esses locais, auxiliadas pela presença dos mamutes, que ajudavam a manter o solo saudável ao derrubar árvores e fertilizar a terra com seus excrementos.

Com a aceleração do aquecimento global, cientistas acreditam que reviver o mamute-lanoso poderia ajudar a mitigar a liberação de dióxido de carbono, contribuindo para a redução do efeito estufa.

Desde sua fundação, em 2021, a Colossal Biosciences já arrecadou bilhões de dólares para seus projetos de biotecnologia. Atualmente, a empresa é avaliada em cerca de US$ 10 bilhões (aproximadamente R$ 58 bilhões na cotação atual).

Com informações do G1.

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